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30 de novembro de 2017

Explosão de gastos da Previdência tira dinheiro de escolas, hospitais e obras

A combinação de crise econômica, envelhecimento da população e teto de gastos públicos faz com que os gastos da Previdência Social avancem rapidamente sobre o orçamento de outras áreas.

Aposentadorias, pensões e benefícios assistenciais pagos pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS) já consomem quase metade do orçamento federal. Custaram R$ 499 bilhões nos dez primeiros meses deste ano, o equivalente a 48,3% das despesas primárias (não relacionadas à dívida) da União. No mesmo período de 2014, apenas três anos atrás, essa fatia era de 40,8%, segundo dados extraídos de relatórios do Tesouro Nacional.

Esse avanço de 7,4 pontos porcentuais foi compensado por uma retração do mesmo tamanho nas demais despesas do governo. Uma vez que os benefícios previdenciários são obrigatórios e não podem ser reduzidos sem mudança na lei, o governo foi cortando despesas discricionárias, de livre escolha. Os chamados gastos sociais e as obras públicas foram as principais vítimas da tesourada.

Juntas, as despesas discricionárias dos Ministérios da Saúde, Educação e Desenvolvimento Social mais o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) representavam 21,1% dos gastos primários da União em 2014, também no período janeiro-outubro. Essa participação encolheu 6,7 pontos porcentuais desde então, para 14,4% do total neste ano.

Em valores atualizados pela inflação, a despesa do RGPS nos dez primeiros meses do ano cresceu R$ 69 bilhões entre 2014 e 2017. No mesmo intervalo, os gastos de Saúde, Educação, Desenvolvimento Social e PAC diminuíram R$ 73 bilhões, em termos reais.

Também na comparação entre os dez primeiros meses de 2014 e 2017, a soma de todas as despesas primárias da União baixou R$ 20 bilhões, quase 2%. Quer dizer: o bolo do orçamento encolheu, mas a fatia da Previdência está maior do que era antes. E continuará crescendo, segundo diferentes projeções.

Despesa dispara, arrecadação patina
Os gastos com saúde e educação podem até diminuir, mas, como obedecem a limites mínimos estabelecidos pela Constituição, são relativamente protegidos de cortes mais drásticos. O mesmo não ocorre com uma série de programas sociais, entre eles o Bolsa Família.

Levantamento publicado pela Gazeta do Povo no fim de outubro mostrou que, de 15 ações sociais que eram vitrine das gestões petistas, 13 tiveram o orçamento reduzido após a posse de Michel Temer. A explicação oficial é que, para dar conta da Previdência, ela própria um “gasto social”, o governo precisa conter os demais desembolsos.

O número de aposentados cresce mais de 3% ao ano, e a despesa está avançando além disso. Os gastos do RGPS acumulados até outubro aumentaram cerca de 7% em termos reais, já descontada a inflação, em relação ao mesmo período do ano passado.

A arrecadação do governo não acompanha esse ritmo. Em meio à leve recuperação da atividade econômica após quase três anos de recessão, a receita primária total encolheu 1,5% no acumulado de 2017, também em comparação aos dez primeiros meses de 2016.

O descompasso entre o gasto previdenciário e o dinheiro que entra nos cofres do governo, visível desde a década passada, se agravou com a recessão. Em 2010, a despesa do RGPS com benefícios previdenciários e assistenciais equivalia a 35% da receita líquida da União. Em 2014, passou de 42%. Neste ano, está acima de 55%, segundo cálculos do Tesouro Nacional.

Essa evolução ajuda a explicar o descontrole das contas públicas. O conjunto das despesas obrigatórias, que há apenas três anos consumia cerca de 85% da receita líquida, agora corresponde a 107%. Isto é, mesmo contando só os itens que não pode cortar, o governo está gastando mais do que arrecada – e antes mesmo de pagar os juros da dívida.

Vai faltar bolo para os outros
Além do envelhecimento populacional e da crise na arrecadação, outro complicador é o teto de gastos que busca reequilibrar as contas do governo, deficitárias desde 2014. O limite constitucional, que entrou em vigor neste ano, impede que a maioria das despesas primárias avance além da inflação. Como o desembolso da Previdência não pode ser contido por decisão governamental, é preciso limitar os demais gastos. Sobra menos bolo para as outras áreas.

Em estudo publicado no ano passado, na época da discussão do teto de gastos, a Consultoria de Orçamento e Fiscalização da Câmara dos Deputados estimou que a fatia do RGPS nas despesas primárias – a mesma que chegou à casa dos 48% neste ano, conforme mencionado no início deste texto – vai beirar 64% em 2025 caso não haja mudança na legislação previdenciária.

Essas fatias são ainda maiores quando se inclui na conta o regime próprio dos servidores públicos da União (RPPS). Segundo cálculo do economista Pedro Fernando Nery, consultor legislativo do Senado que realizou uma série de estudos sobre a Previdência, a soma das despesas de RGPS e RPPS já equivale a 56% dos gastos primários. Sem reforma, chegará a 80% daqui a dez anos.

O próprio economista ressalta que a estimativa é um exercício “meramente ilustrativo”. O governo ficaria inviabilizado muito antes de a Previdência abocanhar todo esse dinheiro, pois há outras despesas obrigatórias e que não podem ser cortadas por mera vontade do governo, como a folha de pagamento do funcionalismo, que neste ano responde por pouco mais de 22% do gasto primário total.

A tendência é de que a Previdência e outras áreas sejam reformadas antes de um colapso nas contas públicas. Ou que o teto estoure em algum ponto entre o fim desta década e o início da próxima, o que levaria a uma série de restrições – como o congelamento dos salários do funcionalismo – ou à própria revogação da emenda constitucional que criou esse limite. O que não ocorreria sem um preço: a dívida pública cresceria mais rápido e seus financiadores passariam a cobrar juros ainda mais altos.

E os juros da dívida?
Há quem sugira a redução imediata dos juros da dívida pública, ou mesmo um calote, para enfrentar a calamidade da Previdência e das contas públicas. Neste momento, no entanto, mesmo atitudes extremadas como essas não teriam efeito, porque as contas públicas já estão no vermelho antes mesmo do pagamento das despesas da dívida.

As contas da União têm déficit primário desde 2014, o que significa que de lá para cá o custo da dívida tem sido integralmente coberto com a venda de títulos públicos – ou seja, com mais endividamento.

27 de novembro de 2017

Audiência pública debate novo contrato da Sanepar para os próximos 30 anos

Audiência Pública realizada, na sexta-feira (23), na Câmara Municipal de Ponta Grossa, debateu proposta da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) para uma nova concessão de mais de 30 anos. O contrato atual vence em 2026.

A sessão teve o intuito de discutir as cláusulas do novo contrato. Segundo o Gerente Geral da Sanepar, Fábio Oliveira, a companhia quer atingir 95% em tratamento de esgoto e 100% em abastecimento. Também pretende destinar 3% do faturamento anual para ações ambientais, caso o novo contrato entre em vigor daqui a nove anos. Ao longo de 30 anos cerca de um bilhão de reais pode ser injetado no município. Além disso, o novo contrato daria mais transparência para as fiscalizações.

Para o Secretário de Meio Ambiente, Paulo Barros, haverá recursos para investir no tratamento de córregos.

Atualmente a prefeitura tem uma dívida de cerca de 38 milhões de reais com a Sanepar, que está na Justiça. Com a aprovação do novo contrato, a dívida pode ser reduzida para 33 milhões, e ainda ser paga em 120 vezes.

O Procurador do Município, Marcus Freitas, ressaltou que seria uma saída para não acumular mais uma dívida.

A prefeitura e a Sanepar devem montar o projeto final, incluindo as sugestões que foram dadas durante a audiência pública. Assim que for concluída, a proposta será encaminhada para a análise dos vereadores.

Fonte: Massa News

24 de novembro de 2017

Reforma preserva benefícios dos mais pobres (desde que Congresso não mexa no texto)

A nova proposta da reforma da Previdência deixou de fora mudanças radicais para os trabalhadores mais pobres, mas o governo avisa: isso pode ser revisto se os parlamentares decidirem alterar o projeto mais enxuto que foi apresentado na noite de quarta-feira (22). O secretário de Previdência do Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano, afirmou à Gazeta do Povo que a proposta apresentada agora é considerada “suficiente e possível” neste momento, mas da forma exata que está construída. A reforma também é urgente, na visão de Caetano, sob pena de mais para frente ser preciso cortar até os benefícios vigentes, como fizeram Portugal e Grécia.

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que foi aprovada em comissão especial da Câmara dos Deputados em maio deste ano já era uma versão suavizada do que o governo queria. A nova reforma que agora será encaminhada ao Congresso enxugou ainda mais as propostas, mantendo aposentadorias rurais e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) vinculados ao salário mínimo. Esse formato permite que o governo sustente o discurso de que a reforma atingirá “o andar de cima”, e “os mais ricos”.

“Da forma como está o relatório da emenda aglutinativa, ainda é possível manter a aposentadoria rural [sem mudanças], desde que alterados os outros pontos. Mas caso venha a sofrer outras alterações, aí sim pode ter discussão, retomada de discussão da Previdência Rural. Nesta administração a proposta é essa”, afirmou Caetano. 
Na proposta inicial do governo, a idade mínima para o trabalhador rural se aposentar seria de 65 anos, tendo contribuído por pelo menos 25 anos. Os deputados aprovaram 60 anos para homens e 57 para mulheres, com 15 anos de contribuição.

No modelo atual, Caetano afirma que a reforma permite que o próximo presidente não precise enfrentar novamente o desgaste de se fazer uma reforma na aposentadoria. 
“Se outra administração vier com proposta distinta, é questão da agenda da outra administração. Nós vemos essa reforma como suficiente para a próxima administração não ter necessidade [de fazer reforma]”, avalia.

Segue ao Congresso agora uma proposta que reúne pontos aprovados pelo Congresso, mas deixando de lado parte das mudanças. Nesse novo pacote, a elevação da idade mínima de aposentadoria para os servidores (mesmo os que estão na ativa, mas ingressaram antes de 2003 no serviço público) foi mantida, e o tempo mínimo de contribuição para se aposentar foi elevado a 25 anos (dez a mais do que o trabalhador comum).

Mesmo essa versão light da reforma deve postergar a necessidade de novos ajustes na Previdência por “algumas décadas”, afirmou o secretário. “Como há uma dinâmica demográfica em que o país envelhece muito rapidamente, é possível que no futuro outros debates de reforma da Previdência sejam feitos. Com essa reforma, do jeito que está, é possível manter por alguns anos, ou algumas décadas, um equilíbrio nas contas públicas”, afirmou.

Ninguém mexe em direitos adquiridos
Também está se criando a regra para as aposentadorias de parlamentares, que passam a seguir as mesmas regras do Regime Geral, com idade mínima de 62 (mulheres) e 65 anos (homens) e contribuição mínima de 15 anos. O maior salário que um parlamentar poderá receber será o teto do INSS (R$ 5,5 mil).

Porém, tanto no caso dos servidores públicos como no dos parlamentares, o governo preferiu continuar não mexendo nos direitos adquiridos. Os servidores que já se aposentaram e continuam recebendo na aposentadoria seu último salário, com direito a reajustes iguais aos trabalhadores da ativa de sua carreira, manterão esses benefícios. Para os parlamentares, as regras mais duras valerão para quem ainda não foi eleito, e quem já está no Congresso seguirá com a regra velha, a depender de alguns ajustes de transição.

No caso dos servidores municipais e estaduais, o secretário relembra que a PEC define que mudanças adicionais poderão ser feitas, por lei ou regulamentação. Está em vigor a medida provisória 808, que aumenta a contribuição previdenciária dos servidores federais de 11% para 14%. Segundo a PEC da reforma previdenciária, se algum ente da federação quiser fazer alteração em seu regime, poderá fazer no prazo de 180 dias após a aprovação, por lei própria ou regulamentação, visando reduzir os déficits.

O secretário defende que neste momento não foi preciso alterar esses benefícios, que são direitos adquiridos. Mas chamou atenção para a urgência da reforma da Previdência, mesmo que em versão light. Sem ação agora, pode ser necessário cortar de quem já recebe aposentadoria.

“Ainda temos espaço e tempo no Brasil para fazer uma reforma que respeite os direitos adquiridos. Se prorrogarmos ainda mais a reforma da Previdência, vai chegar algum momento em que nem isso teremos como respeitar e teremos de fazer algo como Portugal e Grécia, de cortar o valor do próprio benefício”, afirmou Caetano.

Caso seja aprovada a reforma enxuta como está sendo articulado agora, teremos apenas 60% da economia prevista com o pagamento dos benefícios previdenciários, em comparação à reforma inicial. Mesmo assim, é importante se aprovar o texto mais benevolente neste momento, avalia Caetano, com reflexos favoráveis para toda a economia brasileira.

Os parlamentares agora terão de retomar o debate da nova proposta, que traz em 25 páginas as definições da reforma. Além de deixar de fora o trabalhador rural e o BPC, a proposta reduziu para 15 anos o tempo mínimo de contribuição para poder se aposentar (neste caso, o trabalhador que atingir a idade mínima de 65 ou 62 anos terá direito a somente 60% do valor máximo pago pela Previdência).

Para o secretário, o novo formato da reforma deve ser aprovado. Ele afirma estar otimista e vendo crescimento no total de votos favoráveis à reforma. 
“Agora é liderar um trabalho político, de convencimento, para que tenhamos os votos necessários para a aprovação”, afirma.

 Fonte: Gazeta do Povo

17 de novembro de 2017

Governo Richa prepara venda milionária de ações da Sanepar

A Sanepar está preparando uma estratégia para mudar o perfil das ações negociadas na Bolsa de Valores. A companhia de saneamento anunciou que pretende vender Units, que combina ações dos tipos preferencial e ordinária. A iniciativa deve resultar em mais dinheiro para o caixa do governo estadual: estimativas de técnicos consultados pela Gazeta do Povo indicam que mais de R$ 500 milhões podem ser arrecadados. Desde publicação do chamado fato relevante, no final de outubro, a empresa está no chamado período de silêncio, em que não comenta qualquer assunto que possa impactar seu valor de mercado.

O secretário de Fazenda, Mauro Ricardo Costa, não comenta diretamente sobre a venda de ações da Sanepar, mas quando questionado sobre iniciativas para o reforço de caixa, ele argumenta que o governo tem tomado uma série de medidas para fazer ajustes financeiros e garantir mais recursos para investimentos. “Vamos trocar ativos. Um pelo outro”, diz.

Ele explica que o dinheiro vindo da venda será destinado para obras, principalmente em rodovias. Para 2018, o governo do Paraná está projetando R$ 8 bilhões em investimentos. Mauro Ricardo não fala em valores vindos da Sanepar, mas afirma que a proposta orçamentária enviada para a Assembleia Legislativa prevê R$ 1,5 bilhão em trocas de ativos. Ele alega ainda que a situação financeira do Paraná “é a melhor do país” por causa de uma série de ajustes que começaram a ser feitos em 2014 e que não pararam desde então.

Para entender a questão
Mas, afinal, o que são Units e o que está em jogo com a venda das ações? Atualmente o governo estadual tem 89,9% das ações ordinárias – aquelas com direito a voto nas decisões da empresa. E pode se desfazer de ativos até chegar a 60%, já que a legislação determina que o controle acionário continue nas mãos do Estado. Ao preço praticado nos últimos dias, as ações que podem ser vendidas renderiam meio bilhão de Reais.

Mas a previsão é de que o valor suba. É o que conta Adeodato Volpi Neto, estrategista-chefe da Eleven Financial, que monitora a movimentação de mercado da Sanepar. Até recentemente as ações da companhia encontravam resistência na Bolsa: tinham baixa liquidez (não havia muita procura e os preços não variavam muito). A situação complicou depois que a empresa, no ano passado, emitiu mais ações. Outro fator que influenciou foi a decisão da agência reguladora, a Agepar, que escalonou a revisão tarifária em oito anos – e não em quatro, como o mercado previa.

Para se tornar mais atrativa para os investidores, a Sanepar decidiu formar Units, estratégia já usada por outras empresas, como Klabin, Via Varejo (Casas Bahia e Ponto Frio) e os bancos BTG e Santander. No caso da Sanepar, cada Unit será formada por um conjunto de cinco ações, sendo quatro preferenciais (que dão direito a dividendos, mas não a votos) e uma ordinária (com direito a voto). A composição vem acompanhada de uma série de compromissos anunciados ao mercado na tentativa de se apresentar como uma empresa com melhores práticas corporativas. Uma delas dá direito a veto aos preferencialistas. Ou seja, quem comprar ações do tipo preferencial, mesmo não tendo direito a voto, terá a possibilidade de se posicionar contra decisões que prejudiquem a rentabilidade da empresa.

13 de novembro de 2017

Reforma trabalhista: vale a Lei ou o Direito?

Antônio Augusto de Queiroz, do Diap – A chamada “reforma trabalhista”, materializada pela Lei 13.467/17, com vigência a partir de 11 de novembro de 2017, representa a mais profunda e abrangente alteração na CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, desde sua promulgação em 1943, com mudanças que atingem as três fontes do Direito do Trabalho: a lei, a sentença normativa da Justiça do Trabalho e a negociação coletiva.

A lei, proposta originalmente para modificar apenas 13 itens da CLT, foi ampliada no Congresso com o nítido propósito de reduzir custos do empregador, ampliar o lucro e a competitividade das empresas¸ além de dificultar o acesso ao Judiciário trabalhista e anular a jurisprudência consolida pelo Tribunal Superior do Trabalho.

O escopo da reforma é abrangente e inclui, entre outros, os seguintes aspectos:

1) flexibilização de direitos trabalhistas previstos legalmente, resguardados apenas os que estão escritos na Constituição Federal;

2) ampliação das possibilidades de terceirização e pejotização;

3) criação de novas formas de contratação, especialmente o autônomo exclusivo e o intermitente;

4) restrições de acesso à Justiça do Trabalho;

5) retirada de poderes, atribuições e prerrogativas das entidades sindicais;

6) universalização da negociação coletiva sem o limite ou a proteção da lei; e

7) autorização de negociação direta entre patrões e empregados para redução ou supressão de direitos.

Todos estes pontos, apresentados sob o argumento de “modernização das relações de trabalho”, já constavam de documentos de entidades patronais e de proposições de iniciativa da bancada empresarial, em tramitação no Congresso. O relator apenas sistematizou tudo isso.

A narrativa de sustentação da “reforma” escamoteia seus reais objetivos. Ela foi aprovada sob a retórica de segurança jurídica e de modernização das relações de trabalho, mas seu verdadeiro alvo é o desmonte do Direito e da Justiça do Trabalho no Brasil. A investida foi tão radical, que seus próprios autores admitem rever alguns exageros, entre os quais:

1) trabalho intermitente;

2) jornada 12x36;

3) representação no local de trabalho;

4) trabalho insalubre da gestante e lactante;

5) insalubridade e negociação coletiva;

6) dano extrapatrimonial; e

7) autônomo exclusivo.

A “Reforma Trabalhista" do governo Temer, portanto, cria as condições para a redução de direitos ou a precarização das relações de trabalho, porque:

1) retira da legislação trabalhista o caráter de norma de ordem pública e caráter irrenunciável;

2) institucionaliza a prevalência do negociado sobre o legislado;

3) autoriza a terceirização na atividade-fim das empresas; e

4) permite a contratação de “serviços” em lugar da contratação de empregados, pejotizando as relações de trabalho.

A lei faz uma radical mudança de paradigma ao substituir o direito do trabalho, que tem caráter protetivo, pelo direito civil, que parte do pressuposto de igualdade das partes.

O Direito do Trabalho tem caráter protetivo, e atribui ao trabalhador a condição de hipossuficiente (parte mais fraca) na relação com o empregador e, com base nesse princípio, considera nulo de pleno direito qualquer acordo que, direta ou indiretamente, resulte em prejuízo ao empregado, sob o fundamento de que houve coação.

O Direito Civil parte do pressuposto de igualdade das partes. Se pessoas ou instituições fizerem um acordo, desde que os subscritores estejam em pleno uso de suas faculdades mentais, esse acordo tem força de lei e vale para todos os fins legais, só podendo ser anulado por dolo, fraude ou irregularidade.

O texto da reforma, entretanto, precisa ser interpretado à luz da Constituição e dos tratados internacionais. O Direito não é igual à lei. Na aplicação do Direito, desde que provocado pelos advogados ou pelo Ministério Público, o juiz precisa compatibilizar a lei com a Constituição, com as convenções internacionais e com os princípios tutelares, no caso do Direito do Trabalho.

Para esclarecer o significado da lei, na perspectiva dos trabalhadores e dos sindicatos laborais, o DIAP elaborou a cartilha "Reforma Trabalhista e seus reflexos sobre os trabalhadores e suas entidades representativas", sob a forma de perguntas e respostas.

7 de novembro de 2017

Sem reforma da Previdência, impostos podem subir R$ 430 bilhões em 10 anos

Na manhã seguinte ao presidente Michel Temer ter admitido que a reforma da Previdência pode estar enterrada por falta de votos no Congresso, um integrante da equipe econômica divulgou uma estimativa do impacto que isso pode causar no bolso dos brasileiros: um aumento de quase oito pontos percentuais nos impostos. Em uma conta aproximada, e considerando os dados mais recentes da carga tributária (de 2015), isso significa cerca de R$ 430 bilhões em aumentos de impostos em uma década. 

Segundo Mansueto Almeida, secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, sem a reforma será preciso, ao longo dos próximos dez anos, cortar investimentos e até mesmo benefícios sociais, além de elevar a carga tributária do país para até 40% do PIB, ante os atuais 32,5%. 

“Se não fizer alguma coisa na área de gasto, não mudar a Previdência, o Brasil que tem uma carga tributária em torno de 32,5% do PIB, que é muito acima da média da América Latina, terá de ir para uma carga de 40% do PIB. Não existe país do nível de desenvolvimento como o do Brasil com carga tributária tão alta”, afirmou o secretário. 

Nos outros países da América Latina, a carga tributária é de 22%. Em 2015, a arrecadação tributária bruta brasileira somou R$ 1,9 trilhão, que equivale a 32,66% do PIB. Para chegar a uma carga de 40%, a arrecadação teria de chegar a R$ 2,3 trilhões, em valores de 2015. 

A pressão exercida pela Previdência sobre as contas públicas é assustadora. Dos cerca de R$ 1,3 trilhão de despesa primária do governo, mais de R$ 700 bilhões são gastos apenas com a Previdência. Quase 54% da despesa primária no ano que vem será gasta nessa rubrica, diz Mansueto Almeida. 

“Quanto mais completa for a reforma, e já tem a que foi aprovada na comissão especial, melhor para o país. A decisão de qualquer reforma é do Congresso Nacional. Agora, não há a mínima dúvida: o Brasil precisará fazer a reforma da Previdência. Se não conseguir fazer este ano, terá de fazer logo. Seja ano que vem, seja em 2019. Quanto mais adiarmos a reforma, significa infelizmente uma coisa: quando ela vier, será mais dura”, disse o secretário. 

O gasto previdenciário no Brasil já é maior do que o do Japão, comparou Almeida, e tende a piorar. A cada ano esse gasto cresce perto de R$ 50 bilhões. Logo será necessário cortar gastos que podem incluir benefícios sociais. Almeida citou os gastos do Serviço de Assistência Social, que consomem cerca de R$ 2,5 bilhões ao ano e podem sofrer cortes. 

O mesmo já ocorre com os investimentos. Apesar de a previsão de expansão dos investimentos para este ano ser de 19,6% do PIB, o secretário afirmou que na realidade o país deve chegar próximo de um crescimento de 0,6% a 0,7% do PIB. 

“Um país que a despesa programada (com investimentos) para este ano é de 19,6% do PIB. Investimento já caiu bastante. O governo hoje não tem espaço para aumentar muito o investimento”, afirmou.

Centrais intensificam ações e convocam população para protestos desta sexta


Desde segunda (6), dirigentes e ativistas de Confederações, Federações e Sindicatos ligados às principais Centrais Sindicais do País estão nas ruas, em panfletagens nos locais de grande concentração, para alertar e convocar a população a ocupar as ruas na próxima sexta, dia 10.

CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central, Conlutas e Intersindical afinaram os últimos detalhes da mobilização na segunda, durante reunião na sede da CUT Nacional, em São Paulo. O encontro teve a presença de dirigentes de importantes categorias, como comerciários, metalúrgicos, padeiros, papeleiros asseio e conservação, professores e metroviários.

O presidente da Nova Central São Paulo, Luiz Gonçalves (Luizinho), disse à Agência Sindical que a entidade está se organizando para levar entre 2,5 mil e 3 mil pessoas à manifestação na capital paulista. "Foram impressos mais de um milhão de panfletos, que estamos distribuindo nas bases e para a população. Cada Sindicato assumiu uma parte do trabalho, conscientizando os trabalhadores sobre o que irão perder depois de 11 de novembro", explica.

Perdas - “A nova lei acaba com direitos trabalhistas, com benefícios sociais históricos e deixa o trabalhador na mão dos patrões. Precisamos alertar também que, se o governo conseguir aprovar a reforma da Previdência, será muito difícil se aposentar ou ter acesso a qualquer benefício previdenciário", ressalta Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e da Confederação da categoria (CNTM/Força Sindical).

O secretário-geral da UGT, Canindé Pegado, comenta que o Sindicato dos Comerciários de São Paulo fechará suas portas e levará para as ruas seus 500 funcionários. Eles irão se somar aos de outras entidades ligadas à Central, que também jogarão todo seu peso no protesto.

Atos - Os dirigentes estimam reunir 20 mil pessoas em São Paulo. A concentração começa às 9h30 na Praça da Sé, com passeata até a avenida Paulista. Veja aqui a programação de atos em todo o País.