23 de junho de 2015

Brasil terá de criar idade mínima para aposentadoria, diz economista

O economista Fabio Giambiagi, especialista em contas públicas, disse em entrevista ao jornal Folha de São Paulo que a MP 676 publicada pelo governo na semana passada vai aumentar o impacto nas contas da Previdência de tal forma que, mais cedo ou mais tarde, o governo terá de criar uma idade mínima para a aposentadoria.

A medida provisória 676 cria uma alternativa ao fator previdenciário: o fator 85/95, que leva em conta a idade e o tempo de contribuição – 85 anos para as mulheres e 95 para os homens – e está previsto para aumentar progressivamente até atingir 90/100 em 2012. O contribuinte que se aposentar com a fórmula 85/95 vai receber a aposentadoria integral.

Para o economista, o ideal seria o estabelecimento de uma idade mínima para a aposentadoria combinado ao fator previdenciário. “Essa combinação tentaria acabar com a regra aprovada agora, que é bem mais generosa por parte do Congresso”, afirma, ressaltando que os futuros aposentados vão ganhar mais do que os aposentados atuais.

Giambiagi aponta os altos gastos com a previdência como o maior problema do país. De acordo com o especialista, em 1988 a despesa do INSS era de 2,5% do PIB enquanto a projeção para este ano prevê que o gasto fique perto de 7,5% do PIB. “A classe política não faz nada. Nós estamos em uma trajetória grega”, afirma.

O especialista acredita que com o incentivo da aposentadoria integral através do fator 85/95, as pessoas vão esperar um pouco mais para se aposentar, o que pode ajudar a retardar a crise previdenciária. “Mas lá na frente, o salto vai ser maior também: vamos ter mais aposentados ganhando mais. Com isso, o impacto nas contas também será maior”, alerta.

O economista prevê que as medidas do governo não vão resistir. “Em algum momento vai ter um novo governo que vai precisar ajustar as contas. Temos que mudar as regras porque o sistema não vai aguentar tanta generosidade”, afirma Giambiagi.

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