Levantamento
do DIAP mostra que 49,6% do Congresso, somando deputados e senadores, votaram
contra pautas que beneficiavam os trabalhadores. Veja como votaram os
presidenciáveis
Quase metade
(49,6%) dos deputados e senadores votaram contra as propostas de interesse da
sociedade e dos trabalhadores e trabalhadoras, segundo levantamento do
Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP).
Muitos dos
parlamentares que sempre votam contra o povo são candidatos este ano à
Presidência da República ou aos governos dos estados, ao Senado, à Câmara dos
Deputados ou Assembleias Legislativas.
Como a CUT sempre
alerta, não basta escolher um candidato a presidente comprometido com os
interesses da classe trabalhadora. É preciso também eleger um Congresso
Nacional que vote a favor das pautas de interesse do trabalhador e da
trabalhadora, um governador, senadores e deputados que votem projetos para
melhorar as condições de trabalho e renda.
“Antes de votar é
importante analisar o perfil do candidato. Se ele nunca votou ou votou muito
pouco a favor do trabalhador, já se sabe que não mudará de opinião durante as
próximas votações de projetos de interesse da classe trabalhadora. É muito
fácil prometer e não cumprir a promessa”, afirma o secretário de Administração
da CUT, Ariovaldo de Camargo.
Foi justamente para
facilitar a análise do eleitor na hora de escolher em quem votar que o DIAP
lançou a plataforma digital “Quem foi Quem no Congresso Nacional”, onde
é possível saber como cada deputado e senador votou nas propostas de interesse
da sociedade, especialmente do trabalhador.
De acordo com o
levantamento, dos 594 parlamentares – sendo 513 deputados e 81 senadores -
analisados, 295 votaram contra todas as propostas de interesse da classe
trabalhadora.
O presidente da
Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e o presidente do Senador, Rodrigo Pacheco (PSD-MG)
votaram 100% contra os interesses do trabalhador.
Votaram a favor dos
trabalhadores, 129 parlamentares (21,7%), principalmente, os de oposição ao
governo de Jair Bolsonaro (PL). Entre eles, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann
(PR), que votou a favor em 100% das matérias de interesse da classe
trabalhadora e o deputado Marcelo Freixo (PSB- RJ), candidato ao governo do Rio
de Janeiro.
Como votaram os
presidenciáveis
Chama a atenção no
levantamento do DIAP que entre os candidatos à presidência da República, Simone
Tebet (MDB-MS), se posicionou na maioria das vezes contra o trabalhador. Tebet
votou contra em 83,3% dos projetos ligados aos direitos dos trabalhistas,
enquanto sua vice, Mara Gabrilli (PSDB-SP) ficou em cima do muro, votando em
50% das vezes a favor e outros 50% contra.
Já a candidata do
União Brasil à Presidência da República, a senadora Soraya Thronicke (MS) votou
100% contra a classe trabalhadora. Seu vice, Marcos Cintra, não exerce função
parlamentar.
O candidato a vice
do Novo, o deputado federal Tiago Mitraud (MG) votou em 90% das vezes contra o
trabalhador. O candidato à presidente do partido, Felipe D’Avila não é
parlamentar.
Presidenciáveis que
não exercem cargos no Congresso
Lula (PT) e seu
vice Geraldo Alckmin (PSB)
Ciro Gomes (PDT) e sua
vice Ana Paula Matos (PDT)
José Maria Emayel
(DC) e seu vice João Barbosa Bravo (DC)
Jair Bolsonaro (PL)
e o vice Walter Braga Netto (PL)
Pablo Marçal (Pros)
e vice Fátima Pérola Neggra (Pros)
Leonardo Péricles
(UP) e Samara Martins (UP)
Sofia Manzano (PCB)
e Antonio Alves (PCB)
Vera Lúcia (PSTU) e
Raquel Tremembé (Kunã Yporã) (PSTU)
Roberto Jefferson (PTB) e Kelmon Souza (PTB)
Senado
Também é possível
saber no levantamento do DIAP como votaram os senadores. Pelo PT,
partido do ex-presidente Lula, 100% foram favoráveis às matérias de interesse
dos trabalhadores.
Todos os nove
senadores do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, votaram
contra a classe trabalhadora, sendo que quatro foram 100% contrários a qualquer
pauta de interesse da sociedade e os outros cinco votaram em mais de 80% dos
projetos contra os trabalhadores.
Também votaram
contra os trabalhadores todos os 14 senadores do MDB, sendo que
seis foram 100% contrários. Somente um senador do partido teve votos mais
favoráveis. Um deles não foi pontuado em função do critério adotado pelo DIAP
(veja abaixo). Os demais variaram de 83% a 70%, contra.
Os dois senadores
do PTB votaram contra os trabalahdores, mas não em 100% dos
projetos apresentados.
Os quatro senadores
do PDT foram favoráveis, na maioria das vezes, aos
trabalhadores, mas sem atingir os 100% das votações.
O PSB no
Senado tem dois senadores, um votou contra e outro não pontou, de acordo com os
critérios do DIAP.
Dos sete senadores
do PSDB seis foram totalmente contrários, ,mas sem
atingir a totalidade dos projetos, e apenas um aprovou em 100% a pauta da
classe trabalhadora.
O único senador
do PSC votou 100% contra as pautas de interesse da sociedade e
dos trabalhadores.
A única senadora
do Cidadania votou na maioria das vezes a favor do
trabalhador, mas sem atingir os 100%.
O PP,
partido do presidente da Câmara, Arthur Lira, votou totalmente contra os
trabalhadores. Dos nove senadores, sete foram 100% contrários, um foi contra
sem atingir a totalidade dos projetos apresentados e um não pontuou.
Os demais partidos
não têm senadores eleitos.
Para pesquisar a
atuação dos senadores e deputados federais do seu estado clique
aqui.
Sobre o
levantamento do DIAP
Esse levantamento é
feito desde 1983, a partir de critérios definidos pelo DIAP que acompanha a
atividade do Poder Legislativo e avalia a atuação dos parlamentares, a partir
dos interesses da classe trabalhadora e da sociedade.
“Desde a
Constituinte avaliamos dando notas de zero a 10, mas agora decidimos por uma
versão digital para facilitar nosso acompanhamento que será atualizado
mensalmente”, explica o diretor de documentação do DIAP, Nuriberg Dias.
Segundo ele, os
critérios de avaliação são uma forma de facilitar para o eleitor saber em quem
está votando, sob o ponto de vista da ampliação de direitos ou se o parlamentar
está apoiando mais as causas empresariais.
“Desta forma o
eleitor pode acompanhar o mandato e votar em quem considera mais qualificado.
Inclusive, é possível na plataforma pressionar deputados e senadores, por meio
de mensagens em suas redes sociais, a votar nos interesses desse eleitor”, pondera
Neuriberg.
Esse acompanhamento
é fundamental também para saber se as promessas feitas pelos candidatos são
cumpridas, ressalta Ariovaldo de Camargo. O dirigente da CUT cita como exemplo,
a promessa do atual presidente de corrigir a tabela do imposto de renda pessoa
física. Ele prometeu que apenas quem ganhasse a partir de R$ 5 mil pagaria
imposto. Não cumpriu. Muito pelo contrário, quem ganha apenas um salário mínimo
e meio (R$ 1.818) vai sentir a mordida do leão no próximo ano. Outra promessa
de Bolsonaro durante as eleições de 2018 é a de que não venderia a Eletrobras,
mas ele também não cumpriu.
“Esse é apenas um
exemplo. Por isso, é preciso que os trabalhadores sejam da base CUTista, ou
não, votem em candidatos ao Congresso Nacional, verdadeiramente comprometidos
em lutar para reaver os direitos trabalhistas perdidos com a reforma de 2017,
do governo de Michel Temer (MDB-SP)”, diz o secretário de Administração e
Finanças da CUT.
Um presidente, para
fazer as reformas necessárias favoráveis aos trabalhadores, precisará de
maioria no Congresso Nacional para que seus projetos sejam aprovados.
Trabalhador tem de votar em quem defende os seus direitos- Ariovaldo de Camargo
Critérios do
levantamento do DIAP
É importante
ressaltar que, em alguns casos, ao pesquisador o nome do parlamentar, o eleitor
não vai encontrar nenhum registro. Isto porque existem dois critérios, as de
votações inicialmente favoráveis e as contrárias, mas existem as votações
informativas que não têm posicionamento. Também fica em branco se no período do
mandato do parlamentar ele não votou nenhuma matéria de mérito.
Para a escolha das
votações, o DIAP utilizou cinco critérios:
1) a importância da
matéria sob os pontos de vistas político, econômico e/ou social;
2) o registro
nominal do voto de cada parlamentar, excetuando as de forma simbólica quando
não há registro do voto por tratarem de matérias consensuais ou em função de
manobras regimentais;
3) o grau de
disputa entre oposição e situação, exigindo-se em cada votação uma oposição
superior a 20% da Casa do Congresso, no caso da Câmara com divergência superior
a 100 votos;
4) o aspecto
temporal das propostas de leis submetidas para votação pelos parlamentares com
vigência permanente ou temporária das políticas públicas;
5) a clareza do
dispositivo votado em relação ao objetivo pretendido, de modo a não deixar
margens para dúvidas sobre o conteúdo da votação.
O universo de temas
é abrangente, indo desde votações de interesse direto e imediato dos
trabalhadores, passando por deliberações sobre temas de interesse geral, como
mudanças estruturais que impactem o papel do Estado e marcos regulatórios
específicos como de meio ambiente, fiscal e econômico, dentre outros.
Fonte: CUT