Trabalhadores mortos em Taguaí, em sua maioria jovem, eram funcionários da Sttatus Jeans. Entre os trechos da CLT alterados pela reforma trabalhista está o que se relaciona a deslocamento para o local de trabalho
Rene prosseguiu dizendo que a empresa tem a obrigação de garantir boas
condições de transporte e assegurar a fiscalização no transporte do
trabalhador. “Todo dia eles viajavam 50 km para trabalhar. A responsabilidade
começa desde o deslocamento para o trabalho e não apenas quando bate o cartão”.
De acordo com ele, em busca do lucro a empresa jogou para o trabalhador o custo
do transporte. “A mentalidade da empresa é de que os trabalhadores é que se
virem para chegar ao trabalho”.
Tragédia anunciada após reforma trabalhista
De acordo com Rene, tragédias
como a de Taguaí, no interior de São Paulo, estão diretamente ligadas à
aprovação da reforma trabalhista de 2017. Na opinião da CTB, o golpe de 2016
contra a presidenta eleita Dilma Rousseff foi um golpe do capital contra o
trabalho. “Uma reforma levada adiante por Michel Temer que mexeu em mais de 200
itens da CLT, desmontou o Ministério do Trabalho, vem desmontando a Justiça do
Trabalho e fragilizou órgãos de inspeção do trabalho. Esta triste situação que
aconteceu em São Paulo é fruto de um projeto e não é por acaso”.
Entre os trechos da CLT alterados pela reforma trabalhista está o que se
relaciona a deslocamento para o local de trabalho. Os defensores da reforma
afirmam que pelo texto aprovado em 2017 o trabalhador no trajeto para o
trabalho não estaria mais à disposição do empregador. A Associação Nacional dos
Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) afirma que o texto da reforma é
impreciso. O governo de Jair Bolsonaro tentou através da Medida Provisória 905,
de novembro de 2019, excluir o acidente de trajeto da categoria de acidente de
trabalho mas a MP foi revogada.
“Quem leu as 81 páginas do programa de governo do candidato a presidência Jair
Bolsonaro viu que no campo do trabalho havia apenas dois itens que eram aplicar
pluralidade sindical e a desregulamentação trabalhista. E ele vem fazendo isso
desde a posse”, analisou Rene. Ele citou a criação em 2019 do Grupo de Altos
Estudos do Trabalho (GAET) para aprofundar a reforma trabalhista e a extinção
em outubro deste ano de 48 normas regulamentadoras (NRs). As normas existem
para garantir a integridade física e psíquica dos trabalhadores e
trabalhadoras.
Sindicatos em defesa da vida, do emprego e da renda
O movimento sindical foi alvo
prioritário da reforma trabalhista sob o governo de Michel Temer e segue na
mira do governo de Bolsonaro, que dificultou o recolhimento da contribuição
sindical. “Atacam os sindicatos porque são as instâncias de resistência e de
oposição ao fim das relações de trabalho amparada em direitos para o
trabalhador. Eles querem que o trabalhador só tenha o direito de vender sua
mão-de-obra enquanto o patrão dita as regras”.
Rene avaliou que os sindicatos e as centrais sindicais precisam intensificar o
debate da importância que essas entidades têm em defesa da vida, do emprego e
da renda, especialmente no momento atual. “Na busca incessante pelo lucro a
vida não importa. Não importa que morreram 40, amanhã o patrão contrata mais
quarenta e eles que se virem para chegar ao serviço. Esta é a lógica perversa
do capital”.
Fonte: Portal CTB