12 de março de 2015

Cesta básica aumenta em quase todas as capitais

O conjunto dos gêneros alimentícios registrou alta em 17 das 18 capitais onde o DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos realiza a Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos. As maiores elevações foram apuradas em Salvador (11,71%), Aracaju (7,79%), Goiânia (7,48%) e Brasília (7,26%). Manaus foi a única cidade onde foi observada retração (-0,89%).

Em 12 meses - entre fevereiro de 2014 e janeiro último - também houve aumento acumulado do preço da cesta em 17 capitais, com destaque para Aracaju (23,65%), Goiânia (18,22%) e Brasília (16,28%). Manaus também foi a exceção no período, com queda nos preços (-1,66%).

O maior custo da cesta, em janeiro, foi apurado em São Paulo (R$ 371,22), seguido de Porto Alegre (R$ 361,11) e Florianópolis (R$ 360,64). Os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 264,84), Natal (R$ 277,56) e João Pessoa (R$ 278,73).

Com base no total apurado para a cesta mais cara, a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. 

Em janeiro de 2015, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 3.118,62, 3,96 vezes maior do que o mínimo de R$ 788,00, que entrou em vigor em 1º de janeiro, conforme definição do Governo Federal. Em dezembro de 2014, o mínimo necessário era menor, equivalendo a R$ 2.975,55, ou 4,11 vezes o piso então vigente, de R$ 724,00. Em janeiro de 2014, o valor necessário para atender às despesas de uma família chegava a R$ 2.748,22, 3,80 vezes o salário mínimo então em vigor (R$ 724,00).


Cesta x salário mínimo

Com o aumento nominal no valor do salário mínimo de 8,84% a partir de janeiro, para comprar os gêneros alimentícios essenciais, o trabalhador remunerado pelo piso nacional precisou realizar, na média das 18 capitais pesquisadas, jornada de 90 horas e 01 minuto, tempo inferior às 93 horas e 39 minutos exigidas em dezembro de 2014. Em janeiro de 2014, a jornada exigida foi de 88 horas e 48 minutos.

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em janeiro deste ano, 44,47% de seus vencimentos para adquirir os mesmos produtos que, em dezembro de 2014, demandavam 46,27%. Em janeiro de 2014, o comprometimento do salário mínimo líquido com a compra da cesta equivalia a 43,88%.

Comportamento dos preços

Em janeiro, produtos como a carne bovina de primeira, o feijão, o pão francês, o tomate e a batata (pesquisada nas regiões Centro-Sul) tiveram predominância de alta nos preços nas capitais. Já o leite e a farinha de mandioca – cujo preço é acompanhado nas regiões Norte e Nordeste - apresentaram retração de valor na maioria das capitais.

O feijão teve alta em 17 das 18 cidades em janeiro. O tipo preto (pesquisado nas cidades do Sul, no Rio de Janeiro, em Vitória e Brasília) apresentou altas entre 2,27% (Porto Alegre) e 7,59% (Vitória). Brasília mostrou queda de -0,18%. O feijão carioquinha (pesquisado no Norte, Nordeste, em Campo Grande, Goiânia, São Paulo e Belo Horizonte) apresentou elevações em todas as cidades. Os aumentos variaram entre 8,27% em Salvador e 46,21% em Campo Grande. Preços baixos, no momento do plantio, desestimularam os produtores, que reduziram a área plantada. Além disso, o clima - estiagem ou excesso de chuva nas regiões produtoras – também explica a alta no valor do grão. Em 12 meses, o comportamento foi diferenciado. No tipo preto, houve diminuição em todas as cidades, com taxas entre - 9,89% em Florianópolis e -2,56% em Curitiba. No tipo carioquinha, houve diminuição do valor em Manaus (-15,15%) e Salvador (-7,63%); nas demais, foram observados aumentos, com os mais expressivos verificados em João Pessoa (33,65%) e Campo Grande (27,71%).

A carne bovina, produto de maior peso na composição da cesta básica, ficou mais cara em 16 das 18 capitais pesquisadas. As altas oscilaram entre 0,19% em João Pessoa e 17,58% em Aracaju. Em Belo Horizonte, o preço da carne não variou e diminuiu em Florianópolis (-3,17%). Na comparação anual, os preços aumentaram nas 18 capitais. As altas mais expressivas foram registradas em: Aracaju (45,08%), Belém (26,89%) e João Pessoa (23,09%). A menor elevação foi anotada em Belo Horizonte (10,17%). Oferta restrita de carne devido aos altos custos de reposição elevou o preço, apesar da pressão dos frigoríficos.

A batata, pesquisada nas capitais das regiões Centro-Sul, continuou a apresentar taxas elevadas também em janeiro. Entre dezembro e janeiro, os preços subiram 74,90% em Porto Alegre, 73,98% em Curitiba, 70,52% em Campo Grande, 60,70% em Florianópolis, 57,55% no Rio de Janeiro, 52,43% em São Paulo, 49,05% em Brasília, 41,46% em Belo Horizonte, 35,59% em Vitória e 32,59% em Goiânia. Em 12 meses, as altas variaram entre 42,86% em Vitória e 100,87% em Porto Alegre.

O pão francês encareceu em 14 capitais em janeiro. As variações oscilaram entre 0,12% em Curitiba e 2,06% em Campo Grande. O preço do bem ficou estável em Manaus e diminuiu em Salvador (-1,52%), Natal (-1,42%) e Brasília (-0,56). Na comparação anual, o pão francês ficou mais caro em todas as capitais; e os maiores aumentos foram registrados em Aracaju (24,02%) e Fortaleza (10,30%). A menor elevação ocorreu em Salvador (0,13%). A baixa qualidade do trigo colhido na última safra e a comercialização lenta do grão elevaram o preço do trigo, um dos insumos do pão. Além disso, outros custos vêm pressionando o preço do bem – como as tarifas públicas.

O tomate mostrou aumento em 12 cidades, com destaque para as taxas de Belo Horizonte (39,93%) e Salvador (30,32%). O preço do item ficou estável em João Pessoa e diminuiu em cinco capitais. E as maiores quedas foram registradas em Porto Alegre (-9,11%) e Natal (-6,79%). Em 12 meses, o tomate apresentou queda em cinco cidades e alta em 13, com destaque para Curitiba (40,47%), Rio de Janeiro (38,52%), Florianópolis (35,79%) e Goiânia (34,80%). Calor e seca explicam a alta de preços do tomate.

Em janeiro, o preço do leite recuou em 15 das 18 cidades pesquisadas, com as maiores quedas verificadas em Goiânia (-8,57%), Belém (-7,48%), Florianópolis (-5,71%) e Curitiba (-5,34%). As altas aconteceram em Natal (3,24%), Brasília (2,59%) e Aracaju (0,48%). Além de ser período de safra, quando há elevação da oferta, houve diminuição no consumo, o que influenciou os preços para baixo. Em 12 meses, o preço do leite acumulou altas em oito cidades, que variaram entre 0,35% em São Paulo e 6,95% em Brasília. As retrações mais expressivas foram registradas em Belém (-7,76%), Salvador (-5,03%), Recife (-4,57%) e Fortaleza (-3,10%).

Os preços da farinha de mandioca diminuíram em seis das oito cidades do Norte e Nordeste, onde é pesquisada. As reduções oscilaram entre -10,27% em Natal e -0,48% em Belém. As únicas altas foram anotadas em Fortaleza (1,83%) e Manaus (2,00%). Em 12 meses, todas as capitais tiveram diminuição, com destaque para a variação de -39,20% em Manaus e -36,88% em Natal. Excesso de oferta explica a redução do preço da mandioca, principal insumo da farinha.


São Paulo

Na capital paulista, a cesta básica custou, em janeiro, R$ 371,22, a mais cara entre as 18 pesquisadas pelo DIEESE. Em relação a dezembro de 2014, houve elevação de 4,81% nos preços dos produtos essenciais. Na comparação com janeiro de 2014, o aumento foi de 14,76%.

Três produtos da cesta paulistana apresentaram elevação superior a taxa média da cesta (4,81%): batata (52,43%), feijão carioquinha (24,53%) e tomate (5,62%). Outros cinco tiveram aumentos inferiores: açúcar refinado (2,81%), carne bovina de primeira (1,44%), pão francês (1,03%), arroz agulhinha (0,75%) e óleo de soja (0,74%). Houve redução no preço do leite integral (-2,86%), farinha de trigo (-0,66%), banana (-0,57%) e manteiga (-0,47%). Já a cotação do café em pó não variou.

Na comparação anual, 11 produtos apresentaram elevação. Batata (61,99%), feijão (23,87%), tomate (22,38%) e carne bovina de primeira (17,30%) apresentaram altas superiores à variação média anual da cesta (14,76%). Já a banana nanica (11,80%), arroz agulhinha (7,66%), café em pó (6,68%), pão francês (5,25%), farinha de trigo (2,49%), manteiga (2,23%) e leite (0,35%) tiveram elevações inferiores. Apenas o açúcar (-1,08%) e o óleo de soja (-2,87%) mostraram redução nos preços.

O trabalhador paulistano cuja remuneração equivale ao salário mínimo necessitou cumprir, em janeiro, jornada de 103 horas e 38 minutos para comprar os mesmos produtos que, em dezembro de 2014, exigiam a realização de 107 horas e 38 minutos. Esta redução é consequência da entrada em vigor do novo valor salário mínimo, cuja alta (8,84%) é maior que a variação mensal do custo da cesta. Em janeiro de 2014, o tempo de trabalho necessário para a aquisição da cesta era de 98 horas e 18 minutos.

Em janeiro, o custo da cesta em São Paulo comprometeu 51,21% do salário mínimo líquido, isto é, após os descontos previdenciários. Em dezembro, o percentual exigido era de 53,18%. Em janeiro de 2014, a parcela necessária para compra dos gêneros alimentícios totalizou 48,56%.

Fonte: DIEESE.

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